Neise Neves e Leo Quintão no espetáculo "Atrás dos Olhos das Meninas Sérias"
Soem os clarins, preparem as purpurinas, aticem todos os demônios reprimidos, pois, depois de um longo e tenebroso inverno, estamos finalmente entrando no sofrido processo de produção de nosso primeiro longa-metragem, "Atrás dos olhos das meninas sérias", em uma maravilhosa parceria com a Companhia Pierrot Lunar.
Por “sofrido”, entenda-se bem, não me refiro à produção em si, ao trabalho extenuante, às canseiras de noites mal dormidas, calos nas mãos e nos cérebros, que é a parte boa, puro êxtase de qualquer filme, mas ao lado de fora, às dezenas de projetos e editais que concorremos e perdemos, à infinita batalha burocrática, econômica e financeira contra o grande monstro de cinco cabeças vulgarmente conhecido como “mercado cultural”.
E para que vocês não fiquem de fora nem por um minuto de nossos dramas e em busca de dar nossa humilde e honesta contribuição a essa personagem ainda meio indefinida que chamam de cinematografia mineira, convido-os a acompanhar esse nosso blog de produção, que tentaremos manter atualizado sempre que possível.
Nele falaremos de produção, linguagem, estéticas, parcerias, improvisação, responsabilidades, criatividade, dramas, conflitos e principalmente do eterno debate sobre produção cinematográfica com/sem dinheiro e suas implicações. A nossa produção ainda é medíocre porque não temos dinheiro, ou não temos dinheiro porque nossa produção ainda é medíocre? Produzir sem dinheiro renderá mais produções ou atores/equipes mais pobres?
Levantando polêmicas, reforçando nossos telhados de vidro para as inevitáveis pedradas, esperamos que esse espaço permita de alguma maneira, levantar debates que há muito tempo pedem para acontecer. Sem fórmulas e de abraços abertos para a vérsia e a controvérsia, sentamos na vitrine com nossos glúteos à mostra esperando que algo maior do que aquilo que já existia ontem, surja desse processo. E claro, esperando que tenhamos ao final um filme que mereça esse nome.